As
histórias do mundo político se repetem de forma muito forte em nosso país. Os
palácios do Catete, do Planalto e do Jaburu são palcos de muitas vitórias, mas
de tragédias marcantes. Relembramos nesta matéria o suicídio de Getúlio Vargas,
a renúncia de Jânio Quadros e os impeachments
de Fernando Collor de Mello e Dilma Rousseff. Tancredo Neves não chegou a subir
a rampa e Temer resiste em descer. A mídia internacional já anuncia em suas
manchetes que o nosso presidente perde sua força, inclusive diversos veículos
de comunicação da Europa e EUA divulgaram, no último final de semana, notícias
sobre o depoimento de Joesley Batista e fizeram referência à carta renúncia
escrita por Temer em 18 de maio. Aconselhado por Moreira Franco, Temer voltou
atrás e continua na resistência. Importante lembrar que Moreira Franco foi
casado com a neta de Getúlio Vargas.
O
avô de Celina Vargas, ex-esposa de Moreira Franco, no dia 24 de agosto de 1954,
faltando 15 minutos para as 9 da manhã, suicidou-se com um tiro no peito, e em
sua carta testamento disse: “Deixo a vida para entrar na história”. Jânio
Quadros, em 25 de agosto de 1961, deixou o poder e atribuiu sua renúncia a “forças
ocultas”. Fernando Collor de Mello sofreu impeachment
no dia 2 de outubro de 1992 e sua frase que ficou para a história foi: “O
tempo é o senhor da razão”. Apeada do poder no dia 31 de agosto de 2016, Dilma
Vana Rousseff disse: “É o segundo golpe de Estado que enfrento na vida”.
O
depoimento de Joesley Batista botou mais fogo na fogueira junina do Palácio do
Jaburu. Ele confirmou tudo que disse em sua delação premiada e ainda
acrescentou alguns ingredientes no âmbito do inquérito que apura os crimes de
corrupção, obstrução à justiça e organização criminosa atribuída ao presidente
Michel Temer. Entretanto, no depoimento de Eduardo Cunha na quarta-feira (14),
ele disse que seu silêncio nunca esteve à venda, o que desmente Joesley
Batista. Cunha reforça e disse que jamais fechou com Michel Temer qualquer tipo
de negociação para se manter calado. O procurador geral da República, Rodrigo
Janot, certamente entregará denúncia contra Temer ainda no mês de junho. Vale
ressaltar que para a denúncia ser aceita no Supremo, precisa ser aprovada na
Câmara dos Deputados, onde Temer ainda tem maioria. Ouvimos para a coluna Fogo
Cerrado os deputados federais Nilton Capixaba (PTB) e Henrique Fontana (PT),
que falaram sobre os últimos acontecimentos políticos do Fica Temer e Fora Temer.
Deputado Nilton Capixaba
Entrevistado
pela nossa reportagem, o deputado de Rondônia Nilton Capixaba apresentou seus
argumentos justificando sua posição favorável ao governo Temer: “Estou com
Michel Temer e não abro. Trocar um governo faltando pouco mais de um ano para a
próxima eleição, eu entendo que não seria bom para o país. Acredito que Michel
Temer é um homem de equilíbrio, tem conhecimento adquirido e o conheço bem. Ele
tem plenas condições de fazer um bom governo e conduzir de forma equilibrada a
transição, quando elegeremos um novo presidente. Vejo a população muito confusa
neste momento e o discurso da oposição é demagogo, o que confunde ainda mais o
nosso povo. O Temer à frente do Palácio do Planalto até o dia 31 de dezembro de
2018 tem tudo para estabilizar o país e, após isso, os fatos ficarão
esclarecidos e a população saberá escolher melhor o novo presidente. A
permanência de Temer hoje é necessária. Acredito ainda que a votação de 4 a 3
no TSE, que permitiu a continuidade do governo Temer, foi correta. O Gilmar
Mendes não fez o jogo da mídia e nem da população. Ele obedeceu ao que está
escrito na constituição. Aproveito a oportunidade para parabenizar o presidente
do TSE Gilmar Mendes, bem como a justiça brasileira. A constituição tem que ser
respeitada”, alertou Capixaba.
Deputado Henrique Fontana
Pedimos
ao deputado gaúcho Henrique Fontana para comentar a afirmativa de seu colega de
parlamento, o deputado Nilton Capixaba, sobre a permanência de Temer no governo
e o resultado de 4 a 3 no TSE. O petista foi enfático e atacou: “A minha
avaliação é que o julgamento do TSE foi completamente dominado pelo componente
político. O ministro Gilmar Mendes tem atuação clara e francamente partidária,
tanto no Supremo como no TSE. Na votação de 4 a 3 conduzida por ele, junto com
o apoio de dois ministros nomeados por Temer e o ministro Napoleão, conseguiram
maioria para manter o presidente em exercício no poder. Mas isto no meu ponto
de vista não terá vida longa. A queda de Temer é uma questão de semanas, pois é
um governo que está completamente deslegitimado. O atual presidente está
desmoralizado eticamente e não tem condições de continuar governando o país nem
por um dia, muito menos até o final de 2018, como quer o meu colega Nilton
Capixaba”, arrematou.
Sobre
o caso Rocha Loures, o deputado Nilton Capixaba opinou: “Eu entendo que quem
deve tem que pagar. Os fatos precisam ser apurados e após a apuração ficaremos
sabendo se o Rocha Loures é o culpado. Qualquer pessoa pública, especialmente
quando é escolhida pelo voto, a responsabilidade é muito grande. A pessoa tem atrás
de tudo isso a população que acreditou e votou nela. O acusado tem o direito de
se defender. Se Rocha Loures for culpado, ele terá que pagar por isso”, disse.
Sobre
o mesmo tema, o deputado do PT mirou a mala de Rocha Loures e atacou novamente:
“Quero dizer ao meu colega Nilton Capixaba que aquela mala tinha R$ 500 mil em
moeda sonante e não era dinheirinho do banco imobiliário, ou seja, era dinheiro
com valor. Aquilo tudo era acompanhado de um conjunto probatório que mostra as
redes de propina e tráfico de influência que estão em curso dentro do governo
Temer. E mais, o conjunto probatório que sustenta o inquérito que responde o
presidente Temer, aliás, eu faço aqui um parêntese: é o primeiro presidente da
história do país a permanecer no poder respondendo a um inquérito, no qual é
acusado por formação de quadrilha, obstrução da justiça e corrupção passiva.
Breve teremos a denúncia final do procurador da República, Rodrigo Janot, que
vai nos mostrar toda conexão daquela mala de dinheiro, além de outras
ilegalidades de diversos atos de corrupção. O Rocha Loures era nada mais, nada
menos, do que um dos assessores de confiança do presidente em exercício, Michel
Temer”. Disse.
Sobre
as discutidas reformas, da previdência e trabalhista, o representante do PTB de
Rondônia deu o seu parecer: “O governo do PT passou quase 14 anos governando e
não fez nenhuma reforma, e a última reforma trabalhista feita em nosso país foi
em 1950, quando não tínhamos computador e nem sonhávamos com a internet. O
mundo mudou e temos que acompanhar a evolução dos tempos. Por isso temos que
atualizar o país por meio das importantes reformas: trabalhista e
previdenciária. Em 1950, a média de vida de cada um de nós era de 60 anos, hoje
passa dos 80 anos. Portanto, as reformas precisam ser feitas, inclusive fazer
os sonegadores de impostos pagar o que devem. O INSS é um exemplo em que milhares
de empresários sonegam e não pagam. Sou a favor da valorização do servidor
público e sou extremamente contra, por exemplo, aumentar a idade da mulher na
aposentadoria. Isso é um absurdo! A posição do professor na questão da
aposentadoria tem que ser feita com cuidado, além do que o professor tem que
ser melhor renumerado e não ser prejudicado nas reformas. Precisamos garantir o
presidente Michel Temer no governo e, o mais rápido possível, fazer as reformas
com as devidas correções, pois elas são necessárias”. Afirmou Capixaba.
Referente
às reformas, o petista do Rio Grande do Sul rebateu: “As alterações propostas
nas relações de trabalho e no sistema previdenciário do país são alterações
injustas, pois fragilizam o polo que já é mais fraco na relação entre o capital
e o trabalho daquele que procura emprego. A parte contratante, o empregador,
impõe condições ao contratado, o trabalhador. A legislação trabalhista foi
constituída ao longo da história como mecanismo de garantia da relação do maior
equilíbrio dessas partes. A proposta da antirreforma trabalhista, que está
tramitando no congresso, é uma proposta que desequilibra completamente esta
relação. Ela precariza a condição de trabalho e diminui os salários, além de
reduzir o número de empregos formais. Neste sentido, vai ampliar o volume de
empregos precarizados e não gera emprego nenhum. Quanto à questão
previdenciária, a proposta que está tramitando ataca duramente um conjunto de
direitos constituídos das pessoas de baixa renda. Um exemplo claro trata-se da
aposentadoria rural, ou seja, um agricultor ao completar 60 anos de idade. Em
geral, o referido agricultor trabalha durante 45 anos e está sendo prejudicado
pela proposta da reforma. Estamos falando aqui em cortar em temos de valor a
aposentadoria de trabalhadores que hoje estão aguardando para se aposentar
daqui a cinco, dez ou 20 anos. Esta antirreforma da previdência pega todo mundo
e, se aprovada, a redução dos valores variam de 20 % a 50%. Além disso, afeta a
redução da aposentadoria de quem está aguardando para se aposentar e ganha R$ 2
mil ou menos, por exemplo. Não estou falando de aposentadoria dos altos
salários. Por isso eu entendo, que essas duas antirreformas não devem ser
aprovadas em hipótese alguma. Estou trabalhando para que elas não sejam
aprovadas”, argumentou Henrique Fontana.
No
final da entrevista, Nilton Capixaba resolveu questionar a liderança de Luiz
Inácio Lula da Silva e atacou: “Lula é coisa do passado. Ele foi muito irresponsável
com o Brasil. É um populista que usou mal o dinheiro público e deixou o Brasil
sem rumo e sem nenhuma organização. Eu e a maioria do povo brasileiro
entendemos que o PT e o ex-presidente Lula fazem parte de um passado muito
ruim. Pretendemos eleger em 2018 um presidente responsável e comprometido com o
nosso desenvolvimento. Eu nunca votei no PT e não admito sequer pensar na volta
do Lula. Ele é culpado pela maior corrupção de nossa história, que se instalou
em todos os órgãos da administração pública quando o PT assumiu o poder”,
finalizou Capixaba.
Sabedor
das palavras de Capixaba contra Lula, o parlamentar do Rio Grande do Sul
aumentou o tom de voz e contra-atacou: “A cara de pau dos políticos que tentam
manter Michel Temer na Presidência é muito grande. Maior ainda é negar ao povo
brasileiro o direito de recomeçar a democracia no país escolhendo quem queira
para presidir a nação brasileira. Não há uma única prova constituída contra o
ex-presidente Lula, que vem, aliás, sendo acusado politicamente tanto pelo juiz
Sérgio Moro e por parlamentares, como o meu colega Nilton Capixaba. Diversas
manchetes e jornais atacam Lula diariamente. Isso significa que a condenação
midiática e política do ex-presidente Lula é uma tentativa permanente de
setores que não aceitam o projeto que Lula e Dilma conduziram no país ao longo
desses últimos anos. Agora, a questão do julgamento não deve ser um julgamento
político, e eu tenho a convicção de que nas instâncias superiores ele será
absolvido, pois não tenho nenhuma expectativa em relação ao juiz Sérgio Moro,
que está se demostrando em relação ao Lula um Juiz totalmente parcial e sem
condição de equilíbrio para julgar o ex-presidente. Sobre as eleições, nós
temos que ter. O povo brasileiro tem que ter o direito de votar. Se o Lula
ganhar as eleições é porque a maioria do povo quis. O deputado Nilton Capixaba
não pode pensar que é o dono da verdade, e as eleições diretas são o grande
remédio que o Brasil precisa para repactuar a democracia”. Concluiu Henrique
Fontana.
No
início da matéria falamos sobre a repetição dos fatos no mundo da política
brasileira. Recentemente em Brasília uma manifestação contra as reformas e com
o objetivo de acelerar a derrubada de Michel Temer do poder foi às vias de fato
e levou muita gente para os hospitais. Além disso, ocorreu a depredação dos
ministérios e ameaças aos servidores públicos, o que culminou com a convocação
das Forças Armadas pelo presidente da República. O depoimento de Joesley
Batista, recheado com novos ingredientes, esquenta o mês de junho e as cabeças
pensantes no Palácio do Planalto e também o Jaburu. Não sabemos onde a crise
poderá chegar, mas a vontade da maioria do Congresso Nacional tende a fazer o
que Gilmar Mendes fez no TSE: colocar panos quentes na denúncia que Janot
levará ao Supremo contra Michel Temer.
(Texto publicado no Jornal Alô Brasília)
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