BRASÍLIA - Os governadores do Distrito Federal e de Tocantins já enfrentam dificuldades para pagar os servidores públicos. Rodrigo Rollemberg (PSB) assumiu o Distrito Federal no dia 1º e, agora, precisa pagar contas sem ter dinheiro em caixa. Segundo o próprio, seu antecessor, o petista Agnelo Queiroz, deixou nos cofres do DF R$ 64,2 mil. Só a folha de pessoal alcança R$ 1,6 bilhão.
Para tentar equilibrar as finanças do Distrito Federal, o novo governador resolveu enxugar a máquina pública. Reduziu o número de secretarias de 38 para 24 e demitiu cerca de 60% dos 8.000 cargos de confiança. Ainda não há, no entanto, um balanço sobre o tamanho da economia que será feita com os cortes.
— Estamos nesse momento inicial tomando pé da situação financeira da administração, que é crítica — lamentou o secretário de Gestão Administrativa e Desburocratização, Antônio Paulo Vogel.
Na última sexta-feira, Rollemberg baixou sete decretos para segurar os gastos do DF. Um deles suspende por 120 dias a compra de passagens aéreas, o pagamento de diárias de viagem e a participação de servidores em cursos. A norma também prevê o racionamento da circulação de carros oficiais, a utilização de combustível, os gastos com celular e a impressão de documentos. O decreto busca reduzir em 30% esses gastos.
Rollemberg prometeu, por outro lado, que vai pagar os salários dos 10,6 mil servidores da Saúde e da Educação que não receberam salário em dezembro. Ainda não há, no entanto, previsão de quando isso acontecerá. Para viabilizar a ginástica financeira e saldar a dívida com os trabalhadores, o governo deverá pedir à União que antecipe parcela do Fundo Constitucional.
Os cerca de 52 mil servidores de Tocantins também não receberam salário em dezembro e, nesta semana, foram informados de que o pagamento será feito em quatro parcelas mensais. O comunicado veio da Comissão de Análise de Pessoal sobre Recursos Financeiros, criada pelo novo governador, Marcelo Miranda, e destaca que a primeira cota cairá no dia 20. A folha de servidores do Tocantins consome R$ 260 milhões.
— A medida foi tomada para não comprometer o pagamento da folha dos próximos meses. Não há recursos financeiros em caixa que permitam o pagamento em parcela única — explicou o secretário de Administração, Gefferson Oliveira.
DESPERDÍCIO DE REMÉDIOS
Para enxugar despesas, o governo estadual também reduziu em 20% o número de cargos comissionados. Para ampliar o caixa, anunciou, sem detalhes, um programa de recuperação fiscal.
A crise financeira não é a única já descoberta pelo novo governo. Ontem, o recém-empossado secretário de Saúde, Samuel Bonilha, convocou a imprensa, o Ministério Público, a OAB e os conselhos regionais de Medicina e Odontologia, para uma vistoria no estoque regulador, onde estão armazenados os medicamentos de 19 hospitais estaduais. Do lado de fora do galpão refrigerado, foram encontradas centenas de caixas de luvas, seringas e outros remédios, que segundo o secretário, aguardam laudo da Vigilância Sanitária para poder ser utilizado ou destruído. Segundo o secretário, no último dia 23, a gestão anterior enviou para incineração cerca de 10 toneladas de medicamentos vencidos. (*Especial para O GLOBO)
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