.Prefeitura de Hidrolândia

.Prefeitura de Hidrolândia

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Réquiem para Alicinha: O bairro do abreu em Formosa está de luto




Por: Cecy Calacina

Desde 2011 eu tenho tido uma relação muito forte com Formosa, especialmente com o bairro do Abreu. Lá eu fiz muitos amigos e amigas nos últimos três anos, tais como: a minha sogra Deijanira Carvalho de Brito e seus parentes, a Romilda de Camargo, a professora Neli, Miralice e sua mãe Alice de Carvalho, entre outros. Em tempo, o Augusto José Pinto e a sua esposa Luciana, que moram no centro da cidade. A Alice eu conheci em 2012. Nessa ocasião, o jornalista Walter Brito, hoje meu esposo, fez um relato sobre sua história. “Mulher guerreira, que ainda jovem perdeu seu amado esposo, em um trágico acidente. Com seis filhos pequenos e o primogênito Milton entrando na adolescência, ela não se intimidou com o desafio que Deus colocou em sua frente e foi à luta para cumprir sua missão. Alice foi lavadeira de roupas para a legião de amigos que fez durante a vida, e depois sobreviveu junto com os seus filhos, vendendo produtos de beleza. Criou todos os filhos sozinha e ao seu modo. Deu certo! Hoje, homens e mulheres de bem, os filhos da lavadeira Alice e do carroceiro Zé Côrte, venceram as barreiras da vida e são pessoas honradas, dignas e bem sucedidas na comunidade formosense”.

Alice faleceu ontem, aos 82 anos, mas deixou o seu legado fundamentado na sua luta constante. Religiosa e católica fervorosa, ela não perdia uma missa aos domingos, onde encontrava forças para vencer as dificuldades que apareceram em sua frente. Ela enfrentou de cabeça erguida, um por um de seus desafios e, venceu a todos. Em suas conversas comigo, pude compreender o quanto essa mulher formosense expressava amor e carinho pelos seus entes queridos e as pessoas ao seu redor. Para isso, ela tinha o seu jeito próprio para se expressar, muitas vezes incompreendidos por alguns, mas são coisas do ser humano. Certa vez, ela relatou que os seus filhos eram as pessoas mais importantes do mundo, e, por eles, ela fez o que pôde e daria a sua própria vida para salvar a deles. Alice falou-me também, dos momentos mais difíceis que passou, ou seja: A partida de seu esposo José e do filho conhecido por Neném. Ela pontuou na ocasião – “Eles partiram de forma prematura e ambos por meio de trágicos acidentes. Foi muito duro para mim”.

Por outro lado, ela falou do trabalho que desenvolvia como vendedora de produtos da Avon e outros semelhantes. Alice afirmou que gostava de fazer aquilo, pois comunicar era o que ela sabia fazer melhor, por isso se considerava uma pessoa feliz. Percebi na convivência com Alicinha, que ela não se sentia refém do mundo, mesmo diante das duas perdas que teve na família. Lembro-me também da entrevista que gravei com ela em vídeo, junto com uma de     suas melhores amigas, a prima Deijanira. Ela e a Deijinha pareciam duas irmãs siamesas. Elas se viam quase todos os dias. Quando Alice passava dois dias sem se comunicar, Deijinha com quase 90 anos, pedia alguém para acompanhá-la até à casa da prima Alice, um dos poucos lugares que Deijanira vai nos últimos anos com certa frequência. Lembro-me ainda, do carinho que os seus primos, também longevos tinham por ela: o engenheiro Isaías, conhecido como Branco e a irmã Vicentina. Nos momentos de descontração e alegria, eles costumavam relembrar o apelido de infância e a chamavam de “Benga”.

Boa proza e brincalhona, foi nessa seara que aqui de Manaus, distante mais de 3 mil quilômetros de Formosa, que falei com “Benga” pela última vez. Eu estava recém casada com o Walter, cujo casamento ocorreu em Formosa, ele teve que passar um tempo na cidade, pois tinha atividades profissionais em Brasília. Ela disse-me: “Pode ficar tranquila aí em Manaus, pois durante o dia eu vigio o Walter e a noite a minha prima e sua mãe, a Deija, cuida dele”. Alicinha era assim, uma brincalhona! Hoje, foi o sepultamento, onde centenas de amigos e amigas, foram se despedir da guerreira. Meus sentimentos aos filhos: Milton, Izabel, Mircinho, Miralice, Milvânia e Miron. O meu abraço aos amigos de Formosa, em especial aos amigos e amigas do Abreu.


Alice Carvalho, cumpriu com dignidade a sua missão na Terra. Que Deus receba a nossa Alicinha e a coloque em um bom lugar!

Nenhum comentário:

Postar um comentário